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Narcisismo: impactos nefastos nas relações interpessoais

O narcisismo é frequentemente associado à vaidade ou à necessidade de atenção, mas a realidade clínica revela algo bem mais complexo e, por vezes, doloroso. Este traço de personalidade, quando em níveis elevados, pode ter efeitos profundamente nefastos nas relações interpessoais, deixando marcas emocionais significativas nas suas vítimas.

 

O que é o narcisismo?

O narcisismo é um traço de personalidade que pode manifestar-se com diferentes intensidades. No seu extremo clínico, falamos de Perturbação de Personalidade Narcísica, mas mesmo fora desse diagnóstico, muitas pessoas apresentam comportamentos narcisistas que podem ser prejudiciais a quem com elas se relaciona.

Indivíduos com um elevado grau de narcisismo tendem a ter uma visão inflacionada de si mesmos, uma necessidade constante de admiração e validação, e uma clara dificuldade em sentir empatia pelo outro. São, por vezes, vistos como carismáticos, confiantes e até sedutores — características que, inicialmente, podem atrair os que os rodeiam. No entanto, essa imagem rapidamente dá lugar a comportamentos manipuladores, egocêntricos e até abusivos.

 

A dinâmica relacional com um narcisista

Relacionar-se com alguém narcisista envolve, muitas vezes, um ciclo de idealização, desvalorização e descarte. No início, a vítima pode sentir-se especial, vista, ou até “salva”. Essa fase inicial — frequentemente chamada de “fase de lua-de-mel” — é marcada por uma atenção intensa, elogios e afeto.

Contudo, com o tempo, surgem críticas subtis, comportamentos de desprezo e uma tentativa constante de controlo. A vítima, confusa pelas mudanças súbitas, pode começar a duvidar de si mesma, tentando agradar cada vez mais para voltar à fase inicial da relação. Este processo causa desgaste emocional profundo, podendo levar a sentimentos de culpa, ansiedade, depressão, baixa autoestima e isolamento.

Um dos mecanismos mais utilizados por pessoas com traços narcisistas é o chamado gaslighting — uma forma de manipulação psicológica que faz com que a vítima duvide da sua própria percepção da realidade. Com o tempo, a pessoa deixa de confiar em si mesma e nos seus próprios sentimentos, tornando-se cada vez mais vulnerável.

 

Porquê não se tratam os narcisistas?

É importante compreender que, embora muitos narcisistas tenham padrões emocionais destrutivos originados na infância, estes são frequentemente mascarados por mecanismos de defesa inconscientes. O “falso self” — ou ego inflacionado — serve precisamente para evitar o contacto com as suas próprias feridas internas.

Por esta razão, muitas destas pessoas não reconhecem que têm um problema. Pelo contrário, consideram-se superiores e acreditam que os outros é que estão errados ou são “sensíveis demais”. Este bloqueio dificulta o acesso ao processo terapêutico, já que, sem consciência da disfunção, dificilmente procurarão ou aceitarão ajuda.

 

E para quem foi vítima?

Para as vítimas de relacionamentos com pessoas narcisistas, a jornada de recuperação pode ser longa, mas é inteiramente possível. O primeiro passo é reconhecer que estão (ou estiveram) num ciclo relacional tóxico. Procurar apoio psicológico é essencial para reconstruir a autoestima, recuperar a clareza mental e desenvolver estratégias de proteção emocional.

Na hipnoterapia clínica, trabalhamos o resgate da identidade emocional, o fortalecimento interno e a libertação de vínculos tóxicos. Cada pessoa tem o direito de se sentir segura, respeitada e amada — e esse processo começa por dentro.

 

Se gostaria de agendar uma sessão ou saber mais sobre como a hipnoterapia pode ajudá-lo(a) a superar relações tóxicas e recuperar o equilíbrio emocional, entre em contacto comigo.

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